quinta-feira, 13 de maio de 2010

Minha velha alma

Olá, leitores... eis que, depois de mais de 1 mês sem escrever nada, estou de volta. Muitas coisas novas estão acontecendo na minha vida - na verdade é mais do mesmo, mas o fato de elas acontecerem já traz um ânimo novo.

E a grande novidade é que, finalmente, eu posso dizer que não dou mais importância àquela mulher de quem eu tanto falei aqui neste blog - sim; meus poemas, contos e prosas eram quase todos, até então, reflexo do que eu sentia por uma única mulher... não me julguem por isso, nem pelo que puderem captar com uma segunda leitura de qualquer um dos meus textos. Eu juro que tentei fazer da minha vida o melhor que poderia, e fiz.

Mas então: estive pensando sobre tudo que eu gostava e gosto, sobre a minha maneira de gostar, de sentir, de pensar, sobre o meu pensamento a respeito do que significa estar vivo, ainda que esse pensamento mude e se transforme com a poeira do tempo... e então eu percebi que, por mais novo que eu seja (e por mais novo que eu aparente ser), eu tenho uma alma de velho.

Sobre o que eu gosto: gosto de tudo que me lembra coisas antigas, de tempos remotos, vividos ou não. Gosto de videogames, de Turma da Mônica, Fernando Pessoa, Dire Straits, motos Harley Davidson, Clube da Esquina, Rainer Maria Rilke, Magic The Gathering, calculadoras científicas, livros, Manoel de Barros, meu violão, minha mochila branca e vermelha já bastante encardida (tenho ela há 5 anos), meus cadernos de poesia com todas as folhas preenchidas... e de colecionar velharias.

Sobre colecionar velharias: eu as coleciono, e não apenas coleciono velharias materiais; tenho uma coleção enorme de memórias, que ajudam a dar rapidez para o raciocínio lógico, e outras que me fazem carregar hábitos milenares... e guardo a memória exata dos sentimentos envolvidos em todos os momentos marcantes, bem como sentimentos por todas as pessoas que passaram pela minha vida.

Aliás, é exatamente por isso que eu tive tanta dificuldade em me libertar de um amor já acabado... com este domingo que passou, foram 6 anos que se passaram desde o término do namoro que eu nunca quis que terminasse. Felizmente, eu me desfiz completamente desse sentimento velho - o mês anterior foi o período da faxina final.

A parte ruim de ser este jovem-velho, agarrado ao passado: acho que está óbvio, né... desejar por quase 6 anos um amor que não existe mais é muito doloroso, e não apenas pra mim: ela chegou a se sentir culpada por isso (uma culpa que ela não merecia de jeito nenhum)... por outro lado, eu posso dizer que, depois de tudo, o aprendizado ficou, junto com a memória dos momentos felizes.

A parte boa - sim, ela existe... e é melhor do que alguém poderia imaginar, depois de ler meus textos: é poder olhar pra trás e saber que tudo que eu fiz teve um sentido, um motivo. E isso é o que me dá a segurança de saber que tipo de pessoa eu sou, o que está bom e o que eu preciso mudar, para que um dia eu venha a ser o homem que eu quero me tornar.

E hoje eu sinto que quero ser como um velho lobo do mar... com uma alma velha, distante dos homens comuns, mas pronto para velejar em novos mares, novos amores, ainda que seja pra me afogar de novo. E mesmo que eu me afogue, já será em um mar diferente, com um gosto diferente, uma ressaca diferente. E um horizonte diferente.

domingo, 11 de abril de 2010

Norah Jones: delicadamente sensual



I Wouldn't Need You - Norah Jones

If I touched myself the way you touched me
If I could hold myself the way you held me
Then I wouldn't need you
I wouldn't need you
No, I wouldn't need you to love me

If I could replace the things you gave me
If I could see my face without tragedy
Then I wouldn't need you
I wouldn't need you
No, I wouldn't need you to love me

But I do
So come back
Come back

If you could see the way I am when I'm alone
If you could hear my voice cry over the phone
Then you would know I need you
You'd know I need you
Oh, you'd know I need you to love me

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Feliz Aniversário

Todos os anos eu me lembro de um dia especial, que me traz de volta todos os dias, horas e minutos vividos, todos os momentos, tristes, felizes... tudo, enfim, que ficou guardado nesta caixinha aqui no meu peito, que pulsa sem parar. E a minha vontade é a de poder te dizer: feliz aniversário.

Desejo-te tudo, tudo, tudo de bom... que você tenha muito sucesso no que escolheu pra trabalhar, nos seus estudos que parecem nunca ter fim... desejo-te muita poesia, entre os textos teóricos de literatura que você tanto se dedica... e que os teóricos te inspirem a escrever uma defesa de doutorado maravilhosa, e que você fique feliz com as suas vitórias acadêmicas - e que sejam muitas as conquistas.

Desejo-te também muita tranquilidade para encarar as novas etapas da vida da sua filha, que já é uma mocinha... ela vai terminar uma etapa de estudos, provavelmente tem muitas amigas... e deve haver algum (ou alguns) rapaz(es) que ela gosta. Que vocês duas saibam conversar sobre sexo, namoradinhos e todas as questões que envolvem essa fase tão especial da vida de uma pessoa, que é a adolescência.

Desejo ainda que as sessões e as conversas com a sua terapeuta ajudem a esclarecer seus medos e minimizar algumas angústias suas. Você mesma sabe que há muita melancolia dentro de você... mas continue sempre a buscar as borboletas, plante o seu jardim de risos e violetas. E cuide sempre dos seus olhos, profundos e cristalinos, para que demorem a aparecer rugas e olheiras - e se aparecerem, não precisa ter medo: as marcas da idade só te trazem um ar de sabedoria... e todos vêem o pôr-do-sol, com a certeza de que ele nascerá no dia seguinte.

Por fim, desejo-te felicidade no terreno amoroso. Sei que você já tem um amor bom, um homem que te ama e te faz sonhar... mas eu desejo que você tenha por muito tempo esse amor, ou, se o universo permitir, para sempre. E se não puder ser para sempre, que você esteja aberta para um novo amor chegar - porque sempre chega. E, se for o caso, que os próximos amores sejam muito bons pra você enquanto durarem, e que você seja muito feliz.

Feliz aniversário, meu amor.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Visão da Lua Cheia

Vem, visão da Lua cheia
Que a noite ainda tem muito a nos dizer.

Arranca-me docemente do meu sono
E arde comigo
Meu corpo em chamas
Grita calado
Pelo teu calor
Minha boca seca pede
Teu beijo vermelho
Entre ondas vermelhas flamejantes
Que jamais deixaram de queimar.

Queimam as minhas mãos
Pois aprenderam o tal caminho
O teu caminho
Passagem sem volta
Misto da glória e do desespero
De alcançar teus relevos
E nunca mais esquecer
A dor e o prazer
De perder-te e me perder.

Perdem-se os meus olhos
No vazio dos pensamentos
Onde somente existem
Teus poços d'água cristalinos
Verdes infinitos
Onde eu mergulhei
Desde o primeiro momento
E desejei para sempre
Perder meu fôlego em ti.

Sem fôlego eu fico
Toda vez que encontro
A tua visão
E torno-me Lua
Em fases, como a Lua
Crescente, quando te busco
Minguante, quando te deixo
Nova, quando te espero
E cheia, quando te amo.

Vem, visão da Lua cheia
Que a noite ainda tem muito a nos dizer.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Mulheres: amo todas.

Hoje começou a segunda semana de aulas do curso de Matemática. Acordei pensando apenas nisso, e tive as minhas aulas como de costume. Uma pequena introdução sobre os métodos de se demonstrar matematicamente uma proposição (sim, estou começando com lógica). ^^

Voltei pra casa na hora do almoço e, depois de comer, fiquei um tempo pensando a respeito de uma coisa que eu venho sentindo já há algum tempo: a falta de uma pessoa que simplemente passe o tempo comigo, sem fazer nada, sem dizer uma só palavra. Falarei melhor disso em outra postagem.

Foi então que eu resolvi ligar a televisão... e tive a felicidade de encontrar a hora certa de passar o filme "O Sorriso de Mona Lisa". Até então eu não tinha muita ideia da oportunidade da ocasião, nunca tinha visto esse filme e nem queria vê-lo na verdade... mas valeu a pena.

Muitas coisas são abordadas ali, especialmente sobre esse universo feminino que parece tão desconhecido para a maioria dos homens, inclusive pra mim - o fato de eu adorar mulher e querer conhecê-las intimamente (ok, podem interpretar essa afirmação como acharem melhor, eu deixo rsrsrsrs) não faz de mim um cara que as entende.

Claro: é um filme de época (anos 50, não é tão longe assim), sobre uma escola conhecida por ser bastante tradicionalista - dessas que estavam mais interessadas em ensinar meninas a serem "boas esposas" - e vem uma professora que tenta mudar isso e não tem grandes resultados... finalmente um pouco de realidade nesses filmes românticos.

Mas, apesar de não conseguir mudar nada na estrutura tradicional da escola (ao contrário, ela é praticamente demitida), ela mexe intimamente nos valores de algumas meninas que lá estudam, afetando especialmente uma garota de opiniões fortíssimas e a mais tradicionalista de todas elas (claro que não é só o esforço da professora que faz isso; os próprios fatos da vida miserável dela falam por si só).

Enfim: este filme me ajudou a pensar muito sobre a trajetória de libertação feminina, desde a invenção dos métodos contraceptivos... e o quanto elas ainda têm para conquistar - recentemente eu li um texto em um outro blog, falando sobre "por que o homem pode pegar todas e a mulher deve ficar com um cara só"... sim, ainda existe gente que defende isso.

E eu quero dizer aqui: sim, eu sou machista em alguns aspectos: as coisas mais definidas como "cavalheirismo", e o fato de eu gostar que a mulher seja só minha enquanto estiver comigo. Mas estou longe desse machismo em que o homem pode tudo e a mulher não pode nada, e também do machismo abordado no filme, em que a mulher deve ser submissa ao homem - nada melhor do que o respeito e a igualdade nas relações entre homem e mulher.

Por fim... quero dizer que adorei esse filme "de mulher" (assim classificam), fiquei emocionado... e para os que dizem que eu estou numa atitude "pouco masculina", eu tomo isso como um elogio. Também sinto que isso fortaleceu a minha convicção de que eu amo, incontida, intensa e incondicionalmente, as mulheres. Todas elas (novamente, interpretem como quiserem rsrs). E não podia ter sido mais oportuno o fato de eu ter visto esse filme hoje, no dia 8 de Março, o dia internacional da mulher. ^^

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Viverá Sempre Comigo (A Minha Pequena)


Era uma vez
A minha pequena
A minha velhinha
A minha querida.

Olhos brancos
Uma pequena cega
Tinha olhos no nariz
E depois... cegueira total.

O tempo a consome
Sua força se esvai
Suas pernas retorcidas
A dor
A dor
Não consegue mais ficar em pé.

Comida e água
Água e comida
Comida e água
Três dias a esperar
A eternidade em três dias
Água e comida
Comida e água
Água e comida.

Então veio o anjo das cinzas
Aliou-se comigo
Para guiá-la na sua passagem
Primeiro uma seta de tranquilidade
Depois o sono profundo
E por fim a desencarnação.

Meus olhos nos seus olhos
Branco era o seu olhar
Seu corpo pequeno
Frágil
Inerte
Nos meus braços
Levei-a para o seu túmulo
Entreguei-a aos céus.

E viverá sempre comigo
A minha querida
A minha velhinha
A minha pequena.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Cinzas do Carnaval

Das cinzas do carnaval
A renovação aconteceu
Morreu aquele velho senhor
Nasceu este novo ser
Livre, disposto a viver
Com todos os sonhos do mundo.

Das cinzas do carnaval
Nasceu a Fênix
Alada a espalhar seu fogo
Gritando, urgente
É tempo de amar de novo
É tempo de amar o novo.

Do quarto fechado do meu peito
Saiu o retrato da desilusão
Queimei até o fim a minha dor
Agora quero esse amor
Com cheiro e gosto
Das cinzas do carnaval.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

E Quando a Gente Entra em Parafuso...?

Agora eu senti um soluço pular da minha garganta, o peito se abriu entre as costelas, os olhos pararam firmes no vazio. O que é isso agora, que me desconcerta todo e me tira do meu foco? Eu, que deveria estudar, ler, pesquisar, escrever... e agora só sei vomitar esse texto torpe.

E quando a gente acha que já viveu de tudo, que já se acostumou a lidar com as dores da vida e que tudo passa, mas a nossa vontade de viver fica, e aí vem uma criança alada, brincalhona, e desconcerta tudo? E quando aquele amor que surge não deve ser vivido - nem sequer sonhado - mas ele passa a ser uma fonte de vida, como a água e o oxigênio?

E quando a distância de um Mar Vermelho é o que nos separa? E quando essa distância não é apenas física, mas é a distância do que um sente e o outro não? E quando esse Mar Vermelho é o mar de sangue que escorre pela fenda do meu peito, aberto a facão?

E quando a cabeça não consegue mais raciocinar, posto que viramos animais frente ao mel assassino que desejamos, mas não podemos ter? E quando a gente entra em parafuso, pois sabe que tudo vai mudar de uma hora para outra e só resta confessar essa escravidão, que já não é mais voluntária - afinal, quem consegue mandar no coração?

Resta-me o texto. Resta-me a palavra. Resta-me esse exercício, essa decifração de abismos incomensuráveis. E quando a palavra já não suporta mais tantos suicídios?

(Silêncio e parafuso)

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

E se eu pudesse entrar na sua vida...?

(clique na foto acima para ver outras fotos, no jornal A Tarde Online)

Postagem dedicada à eterna trapezista, atriz e palhaça,
Maria Carolina Guedes Queiroz.

Para quem não a conhece, eis aqui um breve relato sobre a
sua queda, em Junho de 2008, e o seu retorno ao circo.
(fonte: BA TV)



Beatriz - Chico Buarque

Olha...
Será que ela é moça?
Será que ela é triste?
Será que é o contrário?
Será que é pintura
O rosto da atriz?
Se ela dança no sétimo céu?
Se ela acredita que é outro país?
E se ela só decora o seu papel?
E se eu pudesse entrar na sua vida...?

Olha...
Será que é de louça?
Será que é de éter?
Será que é loucura?
Será que é cenário
A casa da atriz?
E se ela mora num arranha céu?
E se as paredes são feitas de giz?
E se ela chora num quarto de hotel?
E se eu pudesse entrar na sua vida...?

Sim, me leva para sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Ai, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz...

Olha...
Será que é uma estrela?
Será que é mentira?
Será que é comédia?
Será que é divina
A vida da atriz?
E se ela um dia despencar do céu?
E se os pagantes exigirem bis?
E se um arcanjo passar o chapéu?
E se eu pudesse entrar na sua vida...?

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Desejo

Eu te desejo com a força de um carnívoro
E com a sutileza de um beija-flor
Que buscam igualmente saciar sua fome.

Como um carnívoro, pretendo te matar
Como um beija-flor, desejo te florir
Como ambos, busco mais um dia de vida.

Eu te desejo como um cão raivoso
Babando, espumando, secando
Diante da água que ele não pode beber.

É com raiva e com fúria que te desejo
E sem poder provar tua fonte
Engulo a saliva, tentando enganar a sede.

Eu te desejo como um vampiro
Eu te desejo diante da tua morada
E aguardo apenas o teu convite.

sábado, 9 de janeiro de 2010

O Sentido das Mãos

Nas palmas das minhas mãos
O aperto mais desejado
Que um dia eu pude te dar
Nas palmas das minhas mãos
O desejo mais apertado
Que um dia eu poderia ter.

Nas palmas das minhas mãos
O orvalho do teu suor
A brasa urgente do teu calor
O teu cheiro de hortelã
O botão da tua flor
Abrindo-se para a luz da manhã.

Nas palmas das minhas mãos
Teus seios nus em decifração
Pequenos faróis a me iluminar
Por este caminho torto e preciso
Misto de salvação e abismo
Que eu jamais pensava percorrer.

Nas palmas das minhas mãos
Cada fração de segundo perdida
No enigma do teu corpo
Traz-me uma morte há tanto pedida
E o retorno para te buscar de novo
É o próprio sentido da vida.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Descompasso

Eu sei que tudo acabou
Eu sei que você recomeçou
Ou melhor, que começou uma nova dança
Novos passos
Novos pés...

Eu sei que o tempo passou
Eu sei que eu já dancei
E você quer um novo par
Eu sei de todo o jazz que te envolve
- Como eu desejo esse jazz...

Sei até mesmo das novidades
Das infinitas possibilidades
Dos outros olhares
Convites
Cabarés...

E de tanto saber de tudo que aconteceu
E de tanto jamais esquecer
Vivo eu a dançar
O mesmo passo
Eterno descompasso
De não dançar mais com você.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O silêncio de Paul Simon e Art Garfunkel



The Sounds of Silence - Simon & Garfunkel

Hello darkness, my old friend,
I've come to talk with you again,
Because a vision softly creeping,
Left its seeds while I was sleeping,
And the vision that was planted in my brain
Still remains
Within the sound of silence.

In restless dreams I walked alone
Narrow streets of cobblestone,
'Neath the halo of a street lamp,
I turned my collar to the cold and damp
When my eyes were stabbed by the flash of a neon light
That split the night
And touched the sound of silence.

And in the naked light I saw
Ten thousand people, maybe more.
People talking without speaking,
People hearing without listening,
People writing songs that voices never share
And no one dared
Disturb the sound of silence.

"Fools" said I, "You do not know
Silence like a cancer grows.
Hear my words that I might teach you,
Take my arms that I might reach you."
But my words like silent raindrops fell,
And echoed
In the wells of silence.

And the people bowed and prayed
To the neon god they made.
And the sign flashed out its warning,
In the words that it was forming.
And the sign said, "The words of the prophets are written on the subway walls
And tenement halls."
And whisper'd in the sounds of silence.