quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

E Quando a Gente Entra em Parafuso...?

Agora eu senti um soluço pular da minha garganta, o peito se abriu entre as costelas, os olhos pararam firmes no vazio. O que é isso agora, que me desconcerta todo e me tira do meu foco? Eu, que deveria estudar, ler, pesquisar, escrever... e agora só sei vomitar esse texto torpe.

E quando a gente acha que já viveu de tudo, que já se acostumou a lidar com as dores da vida e que tudo passa, mas a nossa vontade de viver fica, e aí vem uma criança alada, brincalhona, e desconcerta tudo? E quando aquele amor que surge não deve ser vivido - nem sequer sonhado - mas ele passa a ser uma fonte de vida, como a água e o oxigênio?

E quando a distância de um Mar Vermelho é o que nos separa? E quando essa distância não é apenas física, mas é a distância do que um sente e o outro não? E quando esse Mar Vermelho é o mar de sangue que escorre pela fenda do meu peito, aberto a facão?

E quando a cabeça não consegue mais raciocinar, posto que viramos animais frente ao mel assassino que desejamos, mas não podemos ter? E quando a gente entra em parafuso, pois sabe que tudo vai mudar de uma hora para outra e só resta confessar essa escravidão, que já não é mais voluntária - afinal, quem consegue mandar no coração?

Resta-me o texto. Resta-me a palavra. Resta-me esse exercício, essa decifração de abismos incomensuráveis. E quando a palavra já não suporta mais tantos suicídios?

(Silêncio e parafuso)

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