domingo, 21 de fevereiro de 2010
Viverá Sempre Comigo (A Minha Pequena)
Era uma vez
A minha pequena
A minha velhinha
A minha querida.
Olhos brancos
Uma pequena cega
Tinha olhos no nariz
E depois... cegueira total.
O tempo a consome
Sua força se esvai
Suas pernas retorcidas
A dor
A dor
Não consegue mais ficar em pé.
Comida e água
Água e comida
Comida e água
Três dias a esperar
A eternidade em três dias
Água e comida
Comida e água
Água e comida.
Então veio o anjo das cinzas
Aliou-se comigo
Para guiá-la na sua passagem
Primeiro uma seta de tranquilidade
Depois o sono profundo
E por fim a desencarnação.
Meus olhos nos seus olhos
Branco era o seu olhar
Seu corpo pequeno
Frágil
Inerte
Nos meus braços
Levei-a para o seu túmulo
Entreguei-a aos céus.
E viverá sempre comigo
A minha querida
A minha velhinha
A minha pequena.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2010
Cinzas do Carnaval
Das cinzas do carnaval
A renovação aconteceu
Morreu aquele velho senhor
Nasceu este novo ser
Livre, disposto a viver
Com todos os sonhos do mundo.
Das cinzas do carnaval
Nasceu a Fênix
Alada a espalhar seu fogo
Gritando, urgente
É tempo de amar de novo
É tempo de amar o novo.
Do quarto fechado do meu peito
Saiu o retrato da desilusão
Queimei até o fim a minha dor
Agora quero esse amor
Com cheiro e gosto
Das cinzas do carnaval.
A renovação aconteceu
Morreu aquele velho senhor
Nasceu este novo ser
Livre, disposto a viver
Com todos os sonhos do mundo.
Das cinzas do carnaval
Nasceu a Fênix
Alada a espalhar seu fogo
Gritando, urgente
É tempo de amar de novo
É tempo de amar o novo.
Do quarto fechado do meu peito
Saiu o retrato da desilusão
Queimei até o fim a minha dor
Agora quero esse amor
Com cheiro e gosto
Das cinzas do carnaval.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010
E Quando a Gente Entra em Parafuso...?
Agora eu senti um soluço pular da minha garganta, o peito se abriu entre as costelas, os olhos pararam firmes no vazio. O que é isso agora, que me desconcerta todo e me tira do meu foco? Eu, que deveria estudar, ler, pesquisar, escrever... e agora só sei vomitar esse texto torpe.
E quando a gente acha que já viveu de tudo, que já se acostumou a lidar com as dores da vida e que tudo passa, mas a nossa vontade de viver fica, e aí vem uma criança alada, brincalhona, e desconcerta tudo? E quando aquele amor que surge não deve ser vivido - nem sequer sonhado - mas ele passa a ser uma fonte de vida, como a água e o oxigênio?
E quando a distância de um Mar Vermelho é o que nos separa? E quando essa distância não é apenas física, mas é a distância do que um sente e o outro não? E quando esse Mar Vermelho é o mar de sangue que escorre pela fenda do meu peito, aberto a facão?
E quando a cabeça não consegue mais raciocinar, posto que viramos animais frente ao mel assassino que desejamos, mas não podemos ter? E quando a gente entra em parafuso, pois sabe que tudo vai mudar de uma hora para outra e só resta confessar essa escravidão, que já não é mais voluntária - afinal, quem consegue mandar no coração?
Resta-me o texto. Resta-me a palavra. Resta-me esse exercício, essa decifração de abismos incomensuráveis. E quando a palavra já não suporta mais tantos suicídios?
(Silêncio e parafuso)
E quando a gente acha que já viveu de tudo, que já se acostumou a lidar com as dores da vida e que tudo passa, mas a nossa vontade de viver fica, e aí vem uma criança alada, brincalhona, e desconcerta tudo? E quando aquele amor que surge não deve ser vivido - nem sequer sonhado - mas ele passa a ser uma fonte de vida, como a água e o oxigênio?
E quando a distância de um Mar Vermelho é o que nos separa? E quando essa distância não é apenas física, mas é a distância do que um sente e o outro não? E quando esse Mar Vermelho é o mar de sangue que escorre pela fenda do meu peito, aberto a facão?
E quando a cabeça não consegue mais raciocinar, posto que viramos animais frente ao mel assassino que desejamos, mas não podemos ter? E quando a gente entra em parafuso, pois sabe que tudo vai mudar de uma hora para outra e só resta confessar essa escravidão, que já não é mais voluntária - afinal, quem consegue mandar no coração?
Resta-me o texto. Resta-me a palavra. Resta-me esse exercício, essa decifração de abismos incomensuráveis. E quando a palavra já não suporta mais tantos suicídios?
(Silêncio e parafuso)
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010
E se eu pudesse entrar na sua vida...?
(clique na foto acima para ver outras fotos, no jornal A Tarde Online)
Postagem dedicada à eterna trapezista, atriz e palhaça,
Maria Carolina Guedes Queiroz.
Para quem não a conhece, eis aqui um breve relato sobre a
sua queda, em Junho de 2008, e o seu retorno ao circo.
(fonte: BA TV)
Beatriz - Chico Buarque
Olha...
Será que ela é moça?
Será que ela é triste?
Será que é o contrário?
Será que é pintura
O rosto da atriz?
Se ela dança no sétimo céu?
Se ela acredita que é outro país?
E se ela só decora o seu papel?
E se eu pudesse entrar na sua vida...?
Olha...
Será que é de louça?
Será que é de éter?
Será que é loucura?
Será que é cenário
A casa da atriz?
E se ela mora num arranha céu?
E se as paredes são feitas de giz?
E se ela chora num quarto de hotel?
E se eu pudesse entrar na sua vida...?
Sim, me leva para sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Ai, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz...
Olha...
Será que é uma estrela?
Será que é mentira?
Será que é comédia?
Será que é divina
A vida da atriz?
E se ela um dia despencar do céu?
E se os pagantes exigirem bis?
E se um arcanjo passar o chapéu?
E se eu pudesse entrar na sua vida...?
Postagem dedicada à eterna trapezista, atriz e palhaça,
Maria Carolina Guedes Queiroz.
Para quem não a conhece, eis aqui um breve relato sobre a
sua queda, em Junho de 2008, e o seu retorno ao circo.
(fonte: BA TV)
Beatriz - Chico Buarque
Olha...
Será que ela é moça?
Será que ela é triste?
Será que é o contrário?
Será que é pintura
O rosto da atriz?
Se ela dança no sétimo céu?
Se ela acredita que é outro país?
E se ela só decora o seu papel?
E se eu pudesse entrar na sua vida...?
Olha...
Será que é de louça?
Será que é de éter?
Será que é loucura?
Será que é cenário
A casa da atriz?
E se ela mora num arranha céu?
E se as paredes são feitas de giz?
E se ela chora num quarto de hotel?
E se eu pudesse entrar na sua vida...?
Sim, me leva para sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão
Para sempre é sempre por um triz
Ai, diz quantos desastres tem na minha mão
Diz se é perigoso a gente ser feliz...
Olha...
Será que é uma estrela?
Será que é mentira?
Será que é comédia?
Será que é divina
A vida da atriz?
E se ela um dia despencar do céu?
E se os pagantes exigirem bis?
E se um arcanjo passar o chapéu?
E se eu pudesse entrar na sua vida...?
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