terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Desejo

Eu te desejo com a força de um carnívoro
E com a sutileza de um beija-flor
Que buscam igualmente saciar sua fome.

Como um carnívoro, pretendo te matar
Como um beija-flor, desejo te florir
Como ambos, busco mais um dia de vida.

Eu te desejo como um cão raivoso
Babando, espumando, secando
Diante da água que ele não pode beber.

É com raiva e com fúria que te desejo
E sem poder provar tua fonte
Engulo a saliva, tentando enganar a sede.

Eu te desejo como um vampiro
Eu te desejo diante da tua morada
E aguardo apenas o teu convite.

sábado, 9 de janeiro de 2010

O Sentido das Mãos

Nas palmas das minhas mãos
O aperto mais desejado
Que um dia eu pude te dar
Nas palmas das minhas mãos
O desejo mais apertado
Que um dia eu poderia ter.

Nas palmas das minhas mãos
O orvalho do teu suor
A brasa urgente do teu calor
O teu cheiro de hortelã
O botão da tua flor
Abrindo-se para a luz da manhã.

Nas palmas das minhas mãos
Teus seios nus em decifração
Pequenos faróis a me iluminar
Por este caminho torto e preciso
Misto de salvação e abismo
Que eu jamais pensava percorrer.

Nas palmas das minhas mãos
Cada fração de segundo perdida
No enigma do teu corpo
Traz-me uma morte há tanto pedida
E o retorno para te buscar de novo
É o próprio sentido da vida.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Descompasso

Eu sei que tudo acabou
Eu sei que você recomeçou
Ou melhor, que começou uma nova dança
Novos passos
Novos pés...

Eu sei que o tempo passou
Eu sei que eu já dancei
E você quer um novo par
Eu sei de todo o jazz que te envolve
- Como eu desejo esse jazz...

Sei até mesmo das novidades
Das infinitas possibilidades
Dos outros olhares
Convites
Cabarés...

E de tanto saber de tudo que aconteceu
E de tanto jamais esquecer
Vivo eu a dançar
O mesmo passo
Eterno descompasso
De não dançar mais com você.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

O silêncio de Paul Simon e Art Garfunkel



The Sounds of Silence - Simon & Garfunkel

Hello darkness, my old friend,
I've come to talk with you again,
Because a vision softly creeping,
Left its seeds while I was sleeping,
And the vision that was planted in my brain
Still remains
Within the sound of silence.

In restless dreams I walked alone
Narrow streets of cobblestone,
'Neath the halo of a street lamp,
I turned my collar to the cold and damp
When my eyes were stabbed by the flash of a neon light
That split the night
And touched the sound of silence.

And in the naked light I saw
Ten thousand people, maybe more.
People talking without speaking,
People hearing without listening,
People writing songs that voices never share
And no one dared
Disturb the sound of silence.

"Fools" said I, "You do not know
Silence like a cancer grows.
Hear my words that I might teach you,
Take my arms that I might reach you."
But my words like silent raindrops fell,
And echoed
In the wells of silence.

And the people bowed and prayed
To the neon god they made.
And the sign flashed out its warning,
In the words that it was forming.
And the sign said, "The words of the prophets are written on the subway walls
And tenement halls."
And whisper'd in the sounds of silence.